Sunday, February 23, 2025

O QUEBRA-NOZES

O Quebra-Nozes (Royal Ballet, 2016)
Em boa hora o cinema Majestic Passy retransmitiu o bailado Quebra-Nozes, apresentado nas últimas semanas em Covent Garden, Londres. Já conhecia esta produção inglesa, simplesmente perfeita. O evento foi em si simpático: houve um breve espetáculo de ballet por jovens bailarinas antes da retransmissão, e no intervalo, serviram um buffet de canapés e sanduíches com champanhe. Fiquei fã. Paris 01.2017 Covent Garden 5/5

O ESPETÁCULO (2016)
Soirée Tchaikovsky/Tcherniakov na Opéra de Paris

A Ópera de Paris teve a excelente ideia de apresentar numa única sessão a última ópera e o último ballet de Tchaikovsky, respetivamente Iolanta e O Quebra-Nozes. Essa opção é historicamente fundamentada pois as duas obras foram criadas na mesma noite em São Peterburgo. Que obras maravilhosas! É o milagre da Arte. Numa noite uma obra lírica e outra coreográfica foram lançadas para encantar não só o público contemporâneo mas também as gerações futuras. E em 2016 continuamos apaixonados por criações tão antigas. O libreto de Iolanta foi escrito pelo irmão do compositor, Modest, que se baseou numa peça dinamarquesa sobre uma princesa cega que desconhecia ser cega e ser princesa. O drama surge quando Iolanta terá de reconhecer a sua cegueira para que a cirurgia tenha efeito. Será o amor por um desconhecido que provocará o desenlace feliz. Parece pois uma variante da Bela Adormecida. O primeiro quadro, inteiramente feminino, é de um lirismo comovente. Os quadros seguintes mantêm por momentos esse lirismo mas apresentam cenas dramáticas. Seja como for, o encenador optou por um único cenário e por uma representação naturalista que resultou muito. 

Com o Quebra-Nozes as coisas foram muito diferentes. Para muitos foi um choque desagradável encontrar ao som da partitura de Tchaikovsky uma coreografia moderna (de Arthur Pita, Édouard Lock e Sidi Larbi Cherkaoui) com vídeo e tudo. Por vezes sublime outras irritante, a produção desconcertou o público. O argumento original foi alterado mas foi a dança que mudou completamente. Os dançarinos pareciam ter sido atacados por sarna, tão rápidos eram os movimentos repetitivos dos membros em torno do corpo. O problema é que imaginamos por trás destes movimentos a coreografia clássica e virtuosa que pertence à tradição e à memória feliz do fã de ballet. Pessoalmente o que posso acrescentar é que não gostaria de voltar a ver este Quebra-Nozes mas à primeira oportunidade verei o velho e conhecido Quebra-Nozes de Tchaikovsky e  Petipa. Paris 03.2016 NOTA 4/5

Já conhecia muito bem o Quebra-Nozes de Tchaikovsky, quase 90 minutos com a melhor música deste compositor russo, pelo menos a minha preferida. Foi composta para o famoso ballet de Lev Ivanov mas em si é uma obra-prima musical e o elemento forte do ballet. Já este, no entanto, conheço menos bem. Apenas o conhecia da televisão e nada mudou porque na semana passada revi-o numa sala de cinema, numa transmissão em direto a partir de Covent Garden. Mas em março, finalmente, poderei assistir ao Quebra-Nozes em palco, em Paris (será o meu presente de aniversário). 
Nutcracker no Royal Opera House (2015)
Li que em dezembro, com esta nova produção, a Royal Opera House atingia o cabo das 400 representações deste clássico de Natal! Como é um ballet voltado para as crianças, a renovação dos espetadores é natural. Baseado num conto fantástico de Hoffmann, o ballet encena os medos e os desejos de uma jovem, Clara, na noite de Natal. No primeiro ato, a árvore de Natal anima-se e assistimos a uma luta entre os ratos e o quebra-nozes, que defende Clara da ameaça dos ratos. O quebra-nozes transforma-se em Príncipe e leva Clara para o Reino dos Doces, onde assiste à apresentação de várias danças exóticas (dança do chocolate, do chá, do café, entre outras). Prefiro este segundo ato pelo virtuosismo das coreografias, uma sucessão de quadros coloridos e breves, assim como muito diferentes entre si, próprios a manter o interesse dos mais jovens. Enquanto a primeira parte inclui a participação de crianças no palco, a segunda parte exige bailarinos no apogeu das suas faculdades. Os bailarinos da ROH e toda a produção, que retoma uma coreografia já consagrada de Peter Wright, estiveram perfeitos. Paris 12.2015 NOTA 5/5

La Danse. Le Ballet de l' Opera de Paris (2009)

Frederik  Wiseman é o documentarista que parece ter se especializado em mergulhar em instituições consagradas (Comédie Française, Berkeley, Crazy Horse) para em longos documentários (National Gallery dura 3 horas) conhecermos as entranhas dessas instituições e todo o pessoal altamente qualificado que nelas trabalham. Neste último filme, assistimos a fascinantes comentários pelos guias do National, pelos restauradores, pelos guias que trabalham com crianças sobre muitos dos tesouros do museu. Preferi o filme dedicado à dança, La Danse. Le Ballet de l' Opera de Paris (2009), mas ambos são documentários excepcionais. Paris 11.2014

Alexander EKMAN

PLAY (2017) 
O sueco Alexander Ekman fez do palais Garnier um playground. Um jogo que durou quase duas horas. O momento mais espetacular foi a chuva de ervilhas gigantes, que fez a alegria das crianças... isto é dos bailarinos. Uma peça de dança-teatro com humor e por vezes melancolia. Paris 12.2017 3/5

Três coreografias com música de Leonard Bernstein

 

Corybantic Games (Christopher Wheeldon, 2018)

Yugen (Wayne McGregor, 2018)

The Age of Anxiety (Liam Scarlett, 2014)
Em março passado vi no cinema a transmissão em direto do Covent Garden (Londres) de três excelentes coreografias inspiradas pela música de Leonard Bernstein. A que mais me comoveu foi a de Liam Scarlett, um bailado narrativo que lembra os filmes musicais de Hollywood dos anos 50. A história de The Age of Anxiety (criada em 2014) desenvolve-se ao som da segunda sinfonia de Bernstein e, tal como a música, foi inspirada pelo poema modernista homónimo de W.H. Auden. Quatro pessoas encontram-se num bar em Nova Iorque, mais tarde convivem no apartamento de uma delas, e flirts fazem-se e desfazem-se entre eles. A dança remete demasiado à dança do passado, dos anos 50 e mesmo do cinema, mas como eu adoro os musicais desse período, a peça de Scarlett agradou-me particularmente. Paris 5.2018 Cinema Publicis 4/5

Yugen (criação, 2018)
coreografia de Wayne McGregor
música de Leonard Bernstein (Chichester Psalms)

The Age of Anxiety (criada em 2014)
coreografia de Liam Scarlett
música de Leonard Bernstein (Sinfonia n°2)

Corybantic Games (criação, 2018)
coreografia de Christopher Wheeldon, 
música de Leonard Bernstein (Serenade)

Anne Marie de KEERSMAEKER

Anne Marie de Keersmaeker na Opéra de Paris, maio de 2018

Quatuor nr.4 (1986)
coreografia de Anne Marie de Keersmaeker
música de Béla Bartok

Die Grosse Fuge (1992)
coreografia de Anne Marie de Keersmaeker
música de Ludwig van Beethoven
Verklärte Nacht (1995)
coreografia de Anne Marie de Keersmaeker
música de Arnold Schönberg

Et puis nous danserons (Levan Akin, 2019)

Et puis nous danserons é um belo e inesperado filme vindo da Georgia. A dança é mostrada como um campo de batalha entre o conservadorismo e a modernidade. Nas aulas de dança tradicional (mas exigente como o ballet clássico) aprende-se e preserva-se a virilidade da tradição e qualquer postura que a ponha em causa é eliminada. Tal como os homossexuais na sociedade georgiana, que são postos nas margens (travestis, prostitutos de rua), e nunca são aceites na vida familiar normal. Dois jovens bailarinos vão apaixonar-se mas o meio onde se movimentam é hostil à sua paixão e acabarão por seguir caminhos opostos (o casamento de fachada e o exílio no ocidente). Paris 11.2019 3,5/5 

Summerspace, Exchange & Scenario (Merce Cunningham)

Merce Cunningham é um dos nomes maiores da dança moderna. O Ballet de l’Opéra de Lyon apresentou no Théâtre du Châtelet três peças clássicas de Cunningham: Summerspace, Exchange e Scenario. Bom gosto, graça e minimalismo é o que me ocorre quando penso no que vi. Paris 11.2019 Châtelet 4/5

Cunningham (Alla Kovgan, 2019)

Documentário interessante sobre o percurso de Merce Cunningham, um dos criadores da dança moderna americana. Começou do nada, digamos assim, com amigos que partilhavam a mesma busca do novo, entre os quais os hoje gigantes Rauschenberg e John Cage, que contribuíam com os cenários e a música das primeiras obras. Foi lenta a aceitação da arte de Cunningham, estranha ao que se fazia no mundo da dança. Mas acabou por se impor, assim como as ideias do coreógrafo sobre a sua arte. Paris 01.2020 Beaubourg 3/5

Un instant dans la vie d'autrui, mémoires (1979)

O livro de memórias do coreógrafo Maurice Béjart, de 1979, é excelente. Alia de forma ideal múltiplas reflexões pertinentes sobre a arte da dança, factos (mas poucas datas) cruciais da vida do coreógrafo (como os seus vários nascimentos), informações preciosas sobre o mundo da arte e da tradição da dança, fait-divers que envolvem tantos talentos do século XX, pormenores da criação das obras marcantes de Béjart (Boléro, Symphonie pour un homme seul). Este livro nunca poderia ter sido escrito por um ghost-writer, porque a escrita, o encadeamento dos acontecimentos e as digressões são tão pessoais e únicos que só podem nascer da pena de Béjart. Um livro que convida à consulta e à releitura. Vila do Conde 12.2020 (4,5/5)

Maison du Japon (2023)

Paris 2023 Maison du Japon
Solo de dançarino japonês com um grupo de música câmara.

Monday, February 10, 2025

ONÉGUINE (1965)

A OBRA (1965/1967)

Ballet em três actos COREOGRAFIA John Cranko LIBRETO John Cranko, baseado em Eugene Onéguine, de Pouchkine MÚSICA Seleção de músicas de Tchaikovsky CRIAÇÃO Ballet de Stuttgard, Alemanha 13.04.1965 Staatstheater Stuttgard, 

O ESPETÁCULO (Garnier, 2025)

VISTO: Paris 10.02.2025 Palais Garnier NOTA: 5/5

O PROGRAMA (ONP, 2025)



Wednesday, January 22, 2025

LA SYLPHIDE

LA SYLPHIDE (2004)
Ballet de l'Opéra National de Paris 2004
DVD Les Plus beaux Ballets en DVD nº6
DVD Altaya 2009
DVDTECA