O Quebra-Nozes (Royal Ballet, 2016)
Em boa hora o cinema Majestic Passy retransmitiu o bailado Quebra-Nozes, apresentado nas últimas semanas em Covent Garden, Londres. Já conhecia esta produção inglesa, simplesmente perfeita. O evento foi em si simpático: houve um breve espetáculo de ballet por jovens bailarinas antes da retransmissão, e no intervalo, serviram um buffet de canapés e sanduíches com champanhe. Fiquei fã. Paris 01.2017 Covent Garden 5/5
O ESPETÁCULO (2016)
Soirée Tchaikovsky/Tcherniakov na Opéra de Paris
A Ópera de Paris teve a excelente ideia de apresentar numa única sessão a última ópera e o último ballet de Tchaikovsky, respetivamente Iolanta e O Quebra-Nozes. Essa opção é historicamente fundamentada pois as duas obras foram criadas na mesma noite em São Peterburgo. Que obras maravilhosas! É o milagre da Arte. Numa noite uma obra lírica e outra coreográfica foram lançadas para encantar não só o público contemporâneo mas também as gerações futuras. E em 2016 continuamos apaixonados por criações tão antigas. O libreto de Iolanta foi escrito pelo irmão do compositor, Modest, que se baseou numa peça dinamarquesa sobre uma princesa cega que desconhecia ser cega e ser princesa. O drama surge quando Iolanta terá de reconhecer a sua cegueira para que a cirurgia tenha efeito. Será o amor por um desconhecido que provocará o desenlace feliz. Parece pois uma variante da Bela Adormecida. O primeiro quadro, inteiramente feminino, é de um lirismo comovente. Os quadros seguintes mantêm por momentos esse lirismo mas apresentam cenas dramáticas. Seja como for, o encenador optou por um único cenário e por uma representação naturalista que resultou muito.
Com o Quebra-Nozes as coisas foram muito diferentes. Para muitos foi um choque desagradável encontrar ao som da partitura de Tchaikovsky uma coreografia moderna (de Arthur Pita, Édouard Lock e Sidi Larbi Cherkaoui) com vídeo e tudo. Por vezes sublime outras irritante, a produção desconcertou o público. O argumento original foi alterado mas foi a dança que mudou completamente. Os dançarinos pareciam ter sido atacados por sarna, tão rápidos eram os movimentos repetitivos dos membros em torno do corpo. O problema é que imaginamos por trás destes movimentos a coreografia clássica e virtuosa que pertence à tradição e à memória feliz do fã de ballet. Pessoalmente o que posso acrescentar é que não gostaria de voltar a ver este Quebra-Nozes mas à primeira oportunidade verei o velho e conhecido Quebra-Nozes de Tchaikovsky e Petipa. Paris 03.2016 NOTA 4/5
Já conhecia muito bem o Quebra-Nozes de Tchaikovsky, quase 90 minutos com a melhor música deste compositor russo, pelo menos a minha preferida. Foi composta para o famoso ballet de Lev Ivanov mas em si é uma obra-prima musical e o elemento forte do ballet. Já este, no entanto, conheço menos bem. Apenas o conhecia da televisão e nada mudou porque na semana passada revi-o numa sala de cinema, numa transmissão em direto a partir de Covent Garden. Mas em março, finalmente, poderei assistir ao Quebra-Nozes em palco, em Paris (será o meu presente de aniversário).
Nutcracker no Royal Opera House (2015)
Li que em dezembro, com esta nova produção, a Royal Opera House atingia o cabo das 400 representações deste clássico de Natal! Como é um ballet voltado para as crianças, a renovação dos espetadores é natural. Baseado num conto fantástico de Hoffmann, o ballet encena os medos e os desejos de uma jovem, Clara, na noite de Natal. No primeiro ato, a árvore de Natal anima-se e assistimos a uma luta entre os ratos e o quebra-nozes, que defende Clara da ameaça dos ratos. O quebra-nozes transforma-se em Príncipe e leva Clara para o Reino dos Doces, onde assiste à apresentação de várias danças exóticas (dança do chocolate, do chá, do café, entre outras). Prefiro este segundo ato pelo virtuosismo das coreografias, uma sucessão de quadros coloridos e breves, assim como muito diferentes entre si, próprios a manter o interesse dos mais jovens. Enquanto a primeira parte inclui a participação de crianças no palco, a segunda parte exige bailarinos no apogeu das suas faculdades. Os bailarinos da ROH e toda a produção, que retoma uma coreografia já consagrada de Peter Wright, estiveram perfeitos. Paris 12.2015 NOTA 5/5